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Política de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas promove atividade de educação permanente sobre acompanhamento terapêutico

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Uma live realizada nesta quinta-feira (25/04) abordou o papel do Acompanhamento Terapêutico na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). A atividade foi organizada pela 12ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), que compõe a região missioneira, em parceria com a Coordenação Estadual da Política de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas da Secretaria Estadual da Saúde (SES). 

O encontro foi online e contou com a participação de 75 pessoas de todo o Estado, entre trabalhadores da saúde e da assistência social. A RAPS integra de forma articulada as necessidades de cuidados para pessoas em sofrimento psíquico no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). A atividade de educação teve como foco conceituar o Acompanhamento Terapêutico para profissionais da RAPS e da rede intersetorial como estratégia de luta antimanicomial e vinculação. 

A psicóloga sanitarista convidada, Paula Emília Adamy, abordou como as consequências históricas da escravização e da formação do Brasil colonizado sem reformas sociais deram origem às instituições sanitárias de segregação. “A violação de direitos humanos antes da Política Nacional de Saúde Mental contribuiu muito para estigmas que existem até hoje e o próprio racismo geográfico imposto. Precisamos ter olhar crítico sobre quem tem acesso aos espaços na cidade e construir em conjunto esse reposicionamento”, explicou. “Não haverá reforma psiquiátrica plena no Brasil enquanto a luta antimanicomial não compuser a luta antirracista interseccionada à raça, cor, classe e gênero”, completou Paula. 

O Acompanhamento Terapêutico é um dispositivo da RAPS que busca a vinculação da pessoa ao território e às redes de saúde e intersetorial, além das redes afetivas, promovendo sua autonomia. Para ser acompanhante terapêutico na RAPS não há a necessidade de um certificado, basta seguir essa ética de cuidado em saúde de pessoas que apresentam adoecimento psíquico intenso e perda de algum grau de autonomia em decorrência disto, podendo ser voltado aos cuidados em saúde territorializados de pessoas egressas de internação de longa permanência. 

“O Acompanhante Terapêutico não fica grudado no usuário, tampouco deve se fixar em prescrições rígidas. O objetivo é que o profissional de saúde ocupe esse papel auxiliando em alternativas, respeitando o desejo do usuário, oferecendo possibilidades de estruturar relações”, defende Paula. 

Muitas vezes essas pessoas já sofreram inúmeras violências do Estado e ao chegar ao serviço de Saúde Mental descobrem outra representação estatal. Mas, de acordo com a psicóloga, para produzir outra lógica, conquistar essa aproximação e vincular esse usuário na rede, é fundamental pensar em acordos temporários possíveis dentro da realidade de cada um. Ela também argumentou que a política de Redução de Danos é um dos exemplos de acolhimento sem enfrentamento combativo com as pessoas em dependência química, reforçando a importância de o Acompanhamento Terapêutico ser apoio e ancoragem no lugar da imposição de alguma medida. 

A qualificação teve como intuito ampliar a discussão sobre esta modalidade de cuidado em saúde, especialmente no atual momento de desinstitucionalização das pessoas que vivem em hospitais de custódia.  

A atividade teve como público-alvo enfermeiros, agentes comunitários de saúde, técnicos de enfermagem, oficineiros, artesãos, assistentes sociais, psicólogos, terapeutas ocupacionais, médicos, entre outros interessados da atenção primária, Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), hospitais e assistência social e buscou estimular esses profissionais a replicarem o Acompanhamento Terapêutico em seus municípios. 

Por Mariana Ribeiro/SES
Secretaria da Saúde