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Central de Transplantes do Rio Grande do Sul registra queda nos transplantes durante pandemia

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Card da campanha com duas mãos em volta de um coração.

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Campanha De setembro a setembro - Central de Transplantes

A coordenadora da Central de Transpolantes do Rio Grande do Sul, Sandra Coccaro, chama a população para a campanha de doação de órgãos e tecidos "De setembro a setembro". Crédito: Secretaria da Saúde RS

Em 2020 até o mês de agosto, por causa da pandemia da Covid-19, o número de doadores de órgãos e tecidos no Estado caiu significativamente em relação ao mesmo período do ano passado. Em consequência, refletiu na queda de 24% no número de transplantes de órgãos sólidos (por exemplo coração, pulmão, fígado) e de 54% dos transplantes de tecidos (córnea, esclera, osso e pele). Entre os meses de janeiro a agosto de 2019, o Rio Grande do Sul realizou 467 transplantes de órgãos e 877 de tecidos. Este ano, até agosto, esses números foram 356 e 400, respectivamente.

De acordo com a coordenadora da Central de Transplantes, Sandra Coccaro, entre os motivos para a queda nos índices foi a rápida disseminação do coronavírus e o desconhecimento da doença. “A Central de Transplantes precisa assegurar a qualidade do órgão doado”, explica. “No início da pandemia, não havia testes diagnósticos para Covid suficientes, então os critérios eram restritivos.” Ou seja, pacientes em morte encefálica que, nos dias que antecederam a morte, haviam apresentado sintomas gripais, tiveram contato com pessoas com sintomas ou, ainda, haviam estado em algum dos países com circulação do vírus eram automaticamente excluídos. “A partir do momento que começamos a realizar o teste de biologia molecular (RT-PCR) nos possíveis doadores, não havia exame para todos, principalmente no interior do Estado”, continuou a coordenadora. Em paralelo, o Ministério da Saúde definiu um período de 24 horas de validade do resultado do exame diagnóstico para fins de doação de órgãos. Isto inviabilizou um número significativo de doações, visto que o Laboratório Central do Estado (Lacen), em Porto Alegre, precisa de até três dias para rodar os exames, mais o tempo entre o registro da morte encefálica e o transporte da coleta até o laboratório.

“Foram várias etapas que passamos até chegar ao momento atual, em que temos disponibilidade completa de testes por meio do Lacen e de laboratórios próprios dos hospitais que realizam a captação de doadores. Ainda agora, o maior problema enfrentado é com recusa familiar, principalmente, no interior do Estado”, ressalta Sandra. As famílias mostram resistência em esperar a coleta do exame chegar à Capital, esperar o teste ser rodado, realizar a retirada dos órgãos e, aí sim, o corpo ser liberado. Com a chegada de um novo aparelho ao Lacen, um extrator automatizado, que promete diminuir o tempo-resposta dos exames, Sandra projeta uma melhora nos índices de transplante no Estado a partir de agora.

Transplante de córneas
O maior impacto foi registrado no transplante de córneas. Os índices de transplantes desse tecido foram 40% menor este ano em relação a 2019. Para fazer um aporte dos bancos de córnea para doação, enfermeiros estão sendo capacitados a realizar a retirada da córnea dos doadores em morte encefálica junto à Organização de Procura de Órgãos (OPO) Cirúrgica da Central de Transplantes. O reforço da equipe garantirá que todo o Estado possua abrangência, mesmo nos hospitais que, geralmente, não realizam a retirada de órgãos. A equipe médica também recebeu reforço: de dois para seis profissionais. “Estamos buscando mais soluções como essa para retomar o fluxo dos transplantes no Estado de forma geral”, disse Sandra Coccaro.

Outra ação da Central de Transplantes foi olhar para cada região e verificar a realidade de em cada ponto do Rio Grande do Sul, em contato com cada uma das sete OPOs do Estado vinculadas à SES. “Estamos, juntos, planejando a retomada das ações do processo de doação e transplantes. Precisamos agilizar e aperfeiçoar cada vez mais nossas ações, pois dentro do Sistema de Saúde, existem aqueles pacientes em lista que dependem de um órgão para sobreviver ou, até mesmo, necessitam de uma nova forma de viver”, pontuou a coordenadora.

De setembro a setembro
Para marcar o chamado Setembro Verde, que faz alusão à importância da doação de órgãos e tecidos não apenas em setembro, mas o ano inteiro, a Central de Transplantes do Rio Grande do Sul lançou a campanha “De setembro a setembro”. A ideia é reforçar esse tema junto à população de forma contínua, com ações em redes sociais da Secretaria da Saúde (SES) e órgãos parceiros. “É necessário que as pessoas conversem em família sobre doação de órgãos e se declarem doadoras. A doação só acontece com o consentimento familiar”, concluiu Sandra.


Processo de doação de órgãos e transplantes

1 – Identificação da morte encefálica e manutenção do potencial doador;
2 – Confirmação da morte encefálica;
3 – Notificação à Central Estadual de Transplantes;
4 – Avaliação do potencial doador;
5 – Entrevista familiar;
6 – Informação do doador;
7 – Seleção dos receptores;
8 – Equipe de transplantes;
9 – Extração e implante dos órgãos;
10 – Liberação do corpo para a família.

Encontre mais informações sobre doação de órgãos e transplantes no site da SES.

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